Tem muita coisa aqui/aí. Tem muita história, muita referência bibliográfica, muita citação anotada, muita fala, muito (per)curso, muita conversa, muito feed infinito, muita coisa lembrada e… esquecida. Nesse acúmulo de muitos, fica difícil escolher o que é o bastante. No barulho de tantas vozes, fica difícil ouvir o sons e os silêncios que nascem dentro da gente. Essa confusão de coisas, imagens e vozes vai criando um campo de transparência pro nosso olhar. Um transparente que não é o da clareza da nitidez, mas a da indistinção – que não deixa ver o que é contorno próprio e contorno alheio. Esse campo de transparência é útil para nos poupar energia nos fazeres automáticos, mas pode nos tirar a atenção do que é relevante para nós, nos sequestrar do tempo presente, nos amortecer diante dos nossos sonhos. Na transparência, nossos olhos ficam distraídos das cores e preciosidades que já temos à disposição. A transparência convoca atitudes de rendimento (automatizar, otimizar, escalar…) e sufoca atitudes de “gestação” (espreita, espera, contemplação…). .
As atitudes de gestação são autorais, porque nelas colocamos nossos valores referenciais e relacionais. Elas dão pistas do processo criativo singular do/a autor/a “em gestação”: o que se gera? quem gera? como se gera? que estados de ânimo condicionam o gerar? que emoções são geradas após o que emerge? o que se faz com o que se manifesta na criação? como contar essa história?
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Tem muita coisa aqui/aí. Eu só queria que meu primeiro post do ano fosse pra me/te lembrar disso ao longo do ano. Do que é suficiente. Do foco no processo. Das narrativas a gerar e a abandonar. De abastecer e exercitar o olhar para não deixar o que é importante ir pro campo da transparência. Do fazer refletido. Da autoralidade.
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