Amanhã, 25 de julho, é Dia Nacional do Escritor. Um dia comum, que ninguém dá muita bola, marcado por uma portaria lá de 1960 – meio burocrático até. Não é um dia de festa, nem muito poético, mas está registrado na história. Mesmo assim, eu olhava pra esse dia e pensava “um dia vou ser escritora”.
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Um dia. O desejo deste dia me levou a percorrer muitos caminhos com as palavras debaixo do braço: aluna, revisora, redatora, professora, tradutora, locutora, pesquisadora, coach, coordenadora, facilitadora, consultora. Em todas essas “etiquetas” profissionais, um padrão: eu escrevia. Muito. Escrevia pra mim, escrevia para outros e pelos outros – arriscando dizer “nasci escritora” em vez do “sou”. O “ser” ressoava uma fraude em mim, um “quem você pensa que é?”
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Neste ano tão estranho, fui corpando a coragem pra me encarar de frente, de reconhecer os últimos 15 anos em que a leitura e a escrita são a minha profissão nas mais variadas formas – ao mesmo tempo com um monte de etiqueta e também com nenhuma. Autoria é viva, é o processo de uma etiqueta que não fica pronta, e dizer “sou escritora” é um modo de declarar uma parte artística que sigo lapidando.
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Talvez seja isto: achei que se declarasse “sou escritora” seria como deixar morrer algo que desejei tanto. Por isso usava “escrevedora”, “devir”, “estou sendo”, nasci escritora. E em tempos de tantos lutos, reconheço que esta pode ser a declaração de algo que permanece vivo em mim, que quero seguir cultivando. Vivo de escrever e de apoiar quem quer escrever a própria vida.
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Sou escritora.
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Pra contar um pouco dessa história escrita à mão, digitada, pesquisada e publicada, reuni alguns conteúdos importantes pra mim hoje no site da Incipit. Lá sigo compartilhando conteúdos autorais ou produzidos em coautoria com parceiros que formam a base da referência da minha pesquisa-ação em Comunicação Autoral. Se quiser conhecer, é aqui: https://incipithub.com.br/conteudos/